Renda de mulheres cresce 83%, mas homens lideram
Fonte: Folha de SP - 05/03/13 - Cláudia Rolli
Até o final deste ano, deverão ter passado pelas suas bolsas R$ 1,1 trilhão, valor equivalente ao PIB da Suécia ou da Bélgica. Será um crescimento de 83% na massa de renda das mulheres brasileiras num período de dez anos. Em 2003, as mulheres brasileiras haviam recebido R$ 602 bilhões (já atualizados pelo INPC) - número que inclui a renda do trabalho (formal e informal) e benefícios (aposentadorias e pensão).
Os dados constam do estudo "Tempo de Mulher", do instituto de pesquisas Data Popular, que mostra que, se seguirem seus planos, no final de 2013 elas terão comprado 6,5 milhões de celulares e 6 milhões de televisores.
"A massa de renda das mulheres (R$ 1,1 tri) é superior ao que toda a classe C --que reúne 104 milhões de brasileiros e representa 53% da população total do país-- deve receber neste ano, um total de R$ 966 bilhões", diz Renato Meirelles, sócio e diretor do instituto.
Os números são reflexo da mudança que permitiu maior presença da mulher no mercado de trabalho, seja porque estudou e buscou uma oportunidade, seja pela necessidade de complementar a renda da família.
Nas duas últimas décadas, houve aumento de 162% no número de mulheres com carteira assinada. No mesmo período, a população feminina teve expansão de 36%.
São 11 milhões a mais de brasileiras no mercado de trabalho formal nessas duas últimas décadas, contigente equivalente a quase toda a população de um Estado como o Rio Grande do Sul.
As projeções foram feitas a partir de dados do IBGE (pesquisas de orçamento familiar, mensal de emprego e nacional por amostra de domicílio) e com pesquisa realizada com 1.300 mulheres de 44 cidades brasileiras, entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano.
10 ANOS NA FRENTE - O crescimento da massa de renda das mulheres supera o avanço obtido pelos homens nos mesmos dez anos. De 2003 a 2013, o valor masculino deverá ter aumentado na ordem de 45%.
Apesar de todo o avanço, a massa de renda das mulheres deve atingir apenas neste ano o mesmo R$ 1,1 trilhão (trabalho formal, informal e benefícios) que os homens já conseguiram receber há dez anos, em 2003. Neste ano, a massa de renda masculina deve atingir R$ 1,6 trilhão.
MULHERES X HOMENS - Hoje elas ganham 83% a mais que na década passada, e eles, 45%.
Massa de renda: Inclui trabalho formal, informal e benefícios previdenciários
Homens
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Mulheres
| |
2003
|
R$ 1,1 trilhão
|
R$ 1,6 trilhão
|
2013
|
R$ 602 bilhões
|
R$ 1,1 trilhão
|
O que as mulheres também pretendem comprar
Celular
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Televisão
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Sofá
|
Fogão
|
Geladeira
|
Notebook
|
Tablet
| |
Projeção de vendas, em milhões de unidades
|
6,5
|
6,0
|
4,8
|
4,8
|
4,1
|
3,6
|
3,1
|
Mulheres que desejam comprar o produto
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27%
|
25%
|
20%
|
20%
|
17%
|
15%
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13%
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*Projeção feita com base em pesquisas (POF, PME e PNAD) do IBGE
** Pesquisa do Data Popular com 1.300 brasileiras de 44 cidades e 2,36% de margem de erro, realizada entre dezembro de 2012 e fevereiro de 2013
Fonte: Instituto Data Popular, projeto Laboratório da Mulher
** Pesquisa do Data Popular com 1.300 brasileiras de 44 cidades e 2,36% de margem de erro, realizada entre dezembro de 2012 e fevereiro de 2013
Fonte: Instituto Data Popular, projeto Laboratório da Mulher
Análise: Capacitação ainda é desafio ao empreendedorismo feminino
CRISTINA BONER, ESPECIAL PARA A FOLHA (
O crescimento das mulheres no mercado de trabalho e no meio empreendedor é um fato já observado há anos. A transformação que merece destaque é que a busca pela inclusão profissional não se restringe às classes mais favorecidas. O movimento de mulheres nas classes C, D e E que almejam uma emancipação profissional e ampliam a sua participação no orçamento familiar aumentou nos últimos cinco anos.
O Data Popular aponta que as mulheres hoje circulam R$ 741 bilhões por ano na economia brasileira. Elas são referência da movimentação econômica e, acima de tudo, a base do desenvolvimento de nossa sociedade.
Na visão de empreendedora, nas classes A e B, segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), as mulheres somam metade dos novos empreendimentos brasileiros, número que era inferior a 30% há dez anos.
No entanto, é com as mulheres das classes C e D que observamos a transformação mais rápida e significativa.
Cada vez mais as atividades do lar são acrescidas de novos afazeres, seja como auxiliares domésticas, atendentes de telemarketing e mesmo em funções antes reservadas aos homens, como técnicos de informática.
A procura por cursos de capacitação gratuitos oferecidos pela ONG Ame (Associação de Mulheres Empreendedoras) atesta isso. Mais de 3.000 mulheres já foram atendidas e um número bem maior busca, diariamente, essa oportunidade. Fica claro, portanto, que a barreira cultural está ruindo. Mas ainda existe outra que precisa ser superada: a da capacitação.
Não se trata da formação de grandes executivas ou donas de grandes negócios, mas do apoio às mulheres para transformar uma situação que muitas vezes é vista como imutável e precária.
Afinal, o empreendedorismo está no conceito da transformação de uma condição de vida e não apenas no advento monetário.
Esse é o primeiro passo para as futuras empreendedoras, que, muitas vezes, se unem para montar cooperativas e passam a oferecer serviços, produtos e mão de obra especializada.
Elas acreditam que o investimento numa aprendizagem profissional é vantajoso para suas vidas e para quem vive com elas. A sociedade depende de uma transformação contínua e o enriquecimento cultural, de apoio.
Essa transformação só ocorre para quem tem coragem de buscar isso.
As mulheres de famílias menos favorecidas ensinam como a união do esforço com a oportunidade de aprender é o caminho mais eficiente para o ingresso na estatística positiva de nossa economia.
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