A inflação terá uma pressão a mais neste final de ano com a inesperada subida dos preços dos remédios para o consumidor. Os reajustes no setor costumam se concentrar em abril, logo depois que o governo federal libera os aumentos, mas a alta chegará antes, segundo a indústria farmacêutica, devido à pressão de custos, como energia e água, e à valorização do dólar, que encareceu a matéria-prima importada.
À Folha, diretores de indústrias brasileiras e multinacionais admitiram que já cortaram o desconto oferecido a distribuidores e varejistas. "Nos próximos 60 dias você vai ver que os descontos na porta da farmácia devem desaparecer. A conta vai para o bolso do contribuinte", afirma Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, sindicato que reúne as principais farmacêuticas do país.
Isso ocorre porque a concorrência entre empresas sempre estimulou a prática de descontos. Com a crise, porém, esse é um procedimento que está ficando para trás.
"Quando o câmbio era favorável, a indústria adotava uma política agressiva de descontos porque a competição era muito forte. Enquanto o câmbio estiver neste patamar alto, é legítimo que a indústria vá ao distribuidor negociar e reduzir esse desconto."
E o varejo não vai absorver esse aumento. "Isso será repassado para o preço. A farmácia não tem muita margem de manobra", diz Sergio Mena Barreto, presidente da Abrafarma, associação que reúne grandes redes.
GENÉRICOS
O espaço para elevar preços é ainda maior entre os genéricos. Por lei, esse produto é obrigatoriamente 35% mais barato do que seu medicamento de referência. Na prática, porém, custa em média 50% menos. Alguns são até 85% mais baratos.
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