O processo de envelhecimento da população brasileira está impactando no mercado de trabalho nas últimas décadas. A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), divulgada na quinta-feira (24/9), na Fundação de Economia e Estatística (FEE), aponta um incremento de 194,4% na participação de idosos - pessoas com 60 anos ou mais - na População Economicamente Ativa (PEA) entre 1993 e 2014. A mudança acompanha o crescimento de 181,1% das pessoas dessa faixa etária no mesmo período. Agora, o segmento representa 20,2% da população total.
Os adultos com idade entre 40 e 59 anos também apresentaram crescimento expressivo na PEA, de 83,7%. Nesse índice, ao mesmo tempo, tiveram reduções os indivíduos de 10 a 15 anos e de 16 a 24 anos, com quedas, respectivamente, de -86% e -7,3%. Os economicamente ativos com idade entre 25 e 39 anos aumentaram 13,7%. "Na comparação com o PEA total, cujo incremento foi de 29,5% no mesmo período, é significativo o crescimento desses segmentos acima de 60 anos", avaliou a pesquisadora da FEE Norma Herminia Kreling.
Dessa maneira, a proporção dos idosos no total da PEA mais que dobrou, passando de 2,5%, em 1993, para 5,7% em 2014. De acordo com a pesquisadora da FEE, outro indicador relevante para demonstrar o amadurecimento do mercado de trabalho na Região Metropolitana é a sua idade média, que passou de 34 para 38 anos em duas décadas e segue uma tendência de elevação. "Estudos de instituições como o Ipea mostram que, a partir de 2045, a faixa acima de 60 anos será a única que continuará crescendo dentro da população ativa", destaca Norma.
Tendo em vista esse cenário, a pesquisa também avaliou as condições da inserção dos idosos no mercado de trabalho, no qual 15,4% dessa população está presente, considerando dois momentos: entre 1993 e 1996 e entre 2011 e 2014. Nesse último período, o rendimento médio entre eles aumentou para R$ 1.929,00, ou seja, 2,1% acima que o do total de ocupados. Entretanto, o diferencial de rendimentos por sexo é ainda mais intenso entre as pessoas acima de 60 anos, uma vez que a trabalhadora idosa recebe R$ 1.619,00, o correspondente a 69,5% da remuneração masculina nessa faixa, de R$ 2.328,00.
No que se refere às formas de ocupação, o estudo destaca a elevada proporção de trabalhadores autônomos: 23,9% das mulheres e 34% dos homens. No entanto, quando se consideram os vínculos de melhor qualidade - emprego no setor público ou trabalho assalariado com carteira assinada no privado -, verificou-se, para o segmento idoso, uma menor concentração nessas categorias: 31,2% para mulheres e 35,6% para homens. A título de comparação, para o total de trabalhadores, os índices, para cada sexo, são de 64% e 64,3%.
Por outro lado, os idosos estão, na sua maioria, enquadrados em categorias associadas à precarização do trabalho - assalariados sem carteira, empregados domésticos, autônomos e trabalhadores familiares sem remuneração. Entre o sexo feminino, mais da metade (56%) estão em atividades com essas características, assim como 42,7% da mão de obra masculina idosa. Proporção bem acima da média dos trabalhadores, que é de 28,1% e 25,1%, respectivamente, para mulheres e homens. "Por isso, é importante a definição de políticas públicas para o setor, garantindo empregos de boa qualidade adaptados às necessidades dessa população", afirma Norma.
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