Em entrevista, Helena Ribeiro da Silva, secretária da Mulher da Força Sindical/SP e presidente do SEAAC Americana, considerou o tema: A condição feminina, o 08 de março e a violência de gênero.
De que maneira repensar os padrões sociais que geram a desigualdade de gênero na nossa sociedade?
O dia 08 março é resultado de um contexto histórico em que as organizações femininas e os movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As bandeiras de luta eram a redução na jornada de trabalho, que era de aproximamente 15 horas diárias, e os salários medíocres, essas reinvindicações levaram as mulheres a greves em busca de melhores condições de trabalho, ainda que isso pareça tão distante, continuamos nos reunindo ainda, para discutir e melhorar a condição de vida de nossas mulheres.
Reunimo-nos para debater sobre a violência contra mulher com o intuito de trocarmos experiências, e, também de repensarmos ações que têm como objetivo principal a alteração da realidade. O fato é que não podemos mais continuar com os casos de violência contra mulher.
Para conversar sobre violência contra a mulher, devemos buscar entender de onde vem essa tal violência, para quebrarmos alguns padrões de comportamento que a perpetua.
O ideal é não ficarmos presas a números e estatísticas ou nos transformarmos em reféns da indignação, que são importantes, na medida em que nos dão um chacoalhão diante da realidade, mas inócuos quando não promovem uma transformação dessa realidade.
Minha proposta é buscar entender de que lugar social surge a violência contra a mulher. Vamos pensar:
O que é violência de gênero?
A violência é um comportamento deliberado e consciente, que pode provocar lesões corporais ou mentais à vítima. O termo vem do latim “violentĭa” e está vinculado à ação que é executada com força ou brutalidade, e que se realiza contra a vontade do outro. É considerada violência de gênero aquela que é exercida de um sexo sobre o sexo oposto.
"Gênero" é um discurso social sobre as diferenças sexuais. Dentro da sociedade patriarcal esse discurso das diferenças gera desigualdade social. Por exemplo: a divisão de gênero inscrita na ordem dos espaços sociais, historicamente, coube à mulher o espaço privado e ao homem o espaço público. E para descontruir esses conceitos, reiterados socialmente, com ideias de: “lugar de mulher é na cozinha”, “lugar de mulher é cuidando de filhos”, é necessário ressignificar o papel feminino e masculino no compartilhamento de tarefas domésticas e na ocupação do espaço público e nos espaços de poder.
Notamos que a construção dos papéis masculinos e femininos na nossa sociedade nos coloca diante de desigualdades que impedem as mulheres de ampliar as possibilidades de escolhas, como a participação na vida pública, mercado de trabalho, nos sindicatos e outros.
É nesse caldo de cultura que surge a violência de gênero.
Como superar a violência de gênero?
(...) “eu não sei por que estou batendo, mas, ela sabe o porquê de estar apanhando”.
É importante saber que entendido o conceito de gênero, o próximo passo será refletir qual a melhor maneira de superar as desigualdades recriadas (engendradas) pelos símbolos e significados que são apreendidos socialmente e moldam nossa forma de ser homem e mulher.
Nós apreendemos o que é ser mulher e o que é ser homem por meio do processo histórico que tem como base relações familiares que são construídas, por todos nós, homens e mulheres.
Quando esse processo educativo constrói desigualdades de gênero e violência, é necessário repensá-lo de forma a quebrar barreiras para promover assim uma sociedade mais justa e igual.
Uma pergunta, ou melhor, uma inquietação que deve, no meu modo de entender, nortear todos os Encontros que tratam sobre violência contra mulher com o objetivo de superar em nossa sociedade essa condição.
De que maneira repensar os padrões sociais que geram violência contra mulher? Exemplo: As Medidas provisórias nº 664 e 665
Esse assunto também permeia o âmbito das violências. Neste caso podemos dizer que quando o trabalhador ou trabalhadora tem um direito garantido retirado, eles são vítimas de violência.
Portanto, cabe a nós, mulheres da Força Sindical, militantes que somos, engrossar a fileira junto aos demais companheiros e não permitir que nos arranquem direitos que levamos décadas para conquistar.
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