Lourival Figueiredo Melo
Presidente da Federação dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio do Estado de SP (FEAAC), diretor-secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC), trabalhador comerciário e cidadão brasileiro
Em 2007, quando o Governo, sem qualquer consulta popular ou sequer ao Congresso Nacional, aos prefeitos e governadores, se apresentou como candidato à Copa do Mundo de 2014, o presidente à época exigiu 12 Estádios, sendo que a FIFA exigia apenas oito.
O ex-presidente garantiu que tudo seria pago pela iniciativa privada. Resultado final, a iniciativa privada entrou com apenas 7% dos valores investidos, parte desse percentual bancada com financiamento dos bancos públicos. O governo entrou com 47%, ou seja: 3,9 bilhões, e o BNDES, com um crédito especial para Copa do Mundo, participou com R$ 3,8 bilhões – outros 45%, tudo dinheiro público. Sem falar que as obras custaram 20% a mais que o estimado.
Custo total dos Estádios: R$ 8,384 bi. Só o Estádio de Brasília, que não tem time no Campeonato Brasileiro, custou 1,4 bilhão, 44% a mais do que estava previsto no início. Vários Estádios estão sem qualquer atividade. Sem jogos de futebol ou outros eventos que gerem renda, estão dando prejuízo.
Agora querem dar uma ajuda aos clubes de futebol a perder de vista. A dívida dos clubes com os órgãos públicos está na ordem de 4,8 bilhões. O péssimo desempenho do futebol brasileiro na Copa descortinou para o mundo a má gestão e a corrupção que também permeiam os clubes, a exemplo do que vemos nas esferas públicas. O país do futebol não está mais com essa bola toda.
Lembramos também que Copa do Mundo não criou um único emprego, não deixou qualquer legado para a população, e é uma das variáveis da crise que estamos vivendo, segundo o ex- Ministro da fazenda Guido Mantega. Ou seja, os clubes contrataram errado, pagaram salários fora da realidade do Brasil, os dirigentes e procuradores de jogadores e empresários venderam e fizeram uma fortuna com venda de atletas para o exterior, roubaram os clubes (este é o termo correto), ficaram ricos e nós pagamos a conta de “somente” 4,8 bilhões.
Calma, tem mais, o Governo Federal tem hoje 757.158 cargos efetivos e 113.869 cargos de confiança e comissionados, além de 20.922 contratos temporários. É o famoso dando que se recebe, são deputados, senadores, ministros, amigos, companheiros indicados e nomeados. São 900 mil cargos distribuídos em 39 Ministérios na Presidência da Republica.
Calma tem ainda mais! Como não tem espaço nos prédios públicos para colocar toda esta gente, o governo gastou de aluguel de imóveis no ano passado um total de R$ 321,38 milhões.
Mediante o quadro, a equipe econômica e o Ministro do Trabalho conseguiram achar os culpados. Para eles, o problema do Brasil são as viúvas, o seguro desemprego e os direitos dos trabalhadores, aqueles mesmos cidadãos que pagam impostos e geram as riquezas do país.
O Problema do Brasil é a péssima Administração em todas as instâncias, é a corrupção ativa e passiva, impune e institucionalizada na máquina pública, como vimos no caso da Petrobrás. O problema do Brasil é um governo que não busca equilibrar os interesses do Trabalho e do Capital pelo bem da nação e seu desenvolvimento. Privilegia os interesses das grandes corporações em troca de favores que beneficiam uma minoria. Quando daremos um basta nisso?
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