Foto: Portal CNTC |
Fonte: O Estadão
A desaceleração nas vendas do comércio que bateu forte no varejo especialmente na época da Copa teve impacto negativo no emprego do setor. De janeiro a junho, as lojas mais demitiram do que contrataram em todo o País. E o cenário ruim deve persistir até o final do ano, prevê o setor. O primeiro semestre fechou com um saldo de vagas formais negativo em 83,6 mil, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
“Não foi só a indústria que demitiu mais que contratou nos últimos meses, mas o comércio também. O varejo está devendo bastante: 83,6 mil vagas. Foi o pior resultado do saldo de postos de trabalho do setor desde 2007 para um 1º semestre”, observa Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Patah está preocupado com o desemprego. Com a forte queda nas vendas no varejo na época da Copa e o fraco desempenho em julho, a tendência é de redução de pessoal nas lojas e na indústria, uma vez que o encalhe diminui o ritmo de novas encomendas às fábricas. “Julho foi um fracasso para o comércio em termos de vendas. Todo mundo está reclamando”, diz Patah. Levantamento da Associação Comercial de São Paulo, que dispõe de dados mais atualizados sobre o varejo, mostra que em julho o ritmo de vendas na capital paulista foi 1,6% menor do que no mesmo mês de 2013. Um executivo de uma rede varejista de móveis e eletroeletrônicos que prefere o anonimato conta que o desempenho do mês passado foi metade do esperado. “Após a eliminação do Brasil da Copa, as vendas despencaram”, diz.
Correlação. Uma análise feita por Bentes, da CNC, a partir do resultado de vendas no varejo do IBGE e o saldo da geração de empregos no comércio apontado pelo Caged, mostra que há uma correlação entre o saldo de vagas no comércio e as vendas. Entre dezembro de 2013 e maio deste ano, o último dado disponível, o volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, caiu 0,4%, No mesmo período de 2013, houve crescimento de 1,1%. Já o saldo líquido de vagas formais no varejo piorou. No 1º semestre de 2013 estava negativo em 70,9 mil postos e neste ano a retração foi de 83,6 mil vagas.
“De 10 segmentos do comércio pesquisados pelo IBGE, as vendas e os saldos de postos de trabalho pioraram em quase todos”, observa Bentes. Ele ressalta que o setor de vestuário, que registrou queda de 3,8% no volume de vendas este ano na comparação com 2013, foi responsável por quase 90% do saldo negativo de vagas como um todo. Fechou o 1º semestre com saldo negativo de 73,9 mil.
O impacto da queda nas vendas do setor vestuário no emprego é confirmado pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo. Entre as 21 empresas que fizeram homologações no 1º semestre, o setor de vestuário predomina com cinco delas; seguido pelos supermercados, com quatro companhias e pelas revendas de veículos e autopeças, com três empresas.
De acordo com o relatório do sindicato, a varejista Casas Pernambucanas, que é forte no segmento de vestuário, demitiu 375 trabalhadores na capital paulista neste semestre e a Inbrands, dona de marcas como Ellus, VR, Tommy Hilfiger, cortou 138 funcionários.
A Inbrands informa que não houve nenhum movimento de redução nos quadros e que contratou no período. A Pernambucanas diz que contratou 3.851 trabalhadores no 1º semestre.
O Carrefour lidera a lista de homologações com 607 demissões, seguido no setor de supermercados pela Companhia Brasileira de Distribuição (GPA), com 442 homologações. O Carrefour informa que não há redução de postos de trabalho. O GPA diz que ampliou no País em 7 mil o número de funcionários no 1º semestre. A empresa pondera que, com o fim da operação de lojas 24 horas, reaproveitou os funcionários, mas que houve trabalhadores que optaram por sair da companhia.
Carros. Outro segmento afetado pela queda de 1,7% nas vendas neste ano, segundo o IBGE, foi o de automóveis e autopeças. A concessionária Hyundai Caoa, por exemplo, cortou 182 funcionários no 1º semestre. A empresa diz que “tem passado por um grande processo de reestruturação e novos processos internos estão sendo otimizados, o que reflete na readequação do quadro de funcionários”.
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