Fonte: Secretaria de políticas para Mulheres
O posicionamento da Secretaria de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República (SPM-PR) é contrário às modificações propostas para
a atual legislação.
Alterações na Lei Maria da Penha foram debatidas, nesta
quinta-feira (10/04), em audiência pública realizada pela Comissão de
Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. O tema específico está no
projeto de lei 4501/2012, que altera o dispositivo da legislação sobre a
repressão à violência contra a mulher.
A maioria dos participantes da audiência, composta por
integrantes do Ministério Público, do sistema de justiça e da Secretaria de
Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), foi contrária
à alteração. A secretária de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da SPM,
Aparecida Gonçalves, defendeu a necessidade da estruturação do Estado
brasileiro para que a lei possa ser aplicada em sua plenitude. Aparecida lembra
que a lei começou a ser implementada somente há sete anos. “Hoje temos no País
apenas 600 delegacias especializadas, 90 juizados especializados e 40
defensorias especializadas”, informou.
Conciliação – A proposta que provocou polêmica na audiência
pública prevê a retomada da possibilidade de solucionar casos de violência
doméstica mediante acordo da vítima com o agressor. Ela foi defendida pelo
promotor de Justiça do Ministério Publico do Distrito Federal e Territórios,
Thiago André Pierobom.
Diante da oposição manifestada ao PL, apresentado pela
deputada Aline Correa (PP/SP), o promotor disse defender o aprimoramento da Lei
Maria da Penha, não a sua descaracterização. A promotora de Justiça do Estado
de Mato Grosso, Lindinalva Rodrigues, afirmou que a possibilidade de suspensão
condicional dos processos de violência contra a mulher e formação de acordos
significaria “a morte da lei”.
Para a promotora, a mudança seria um retrocesso. Ela
declarou que a Maria da Penha ainda não é aplicada em todo o Brasil. “Se há
dificuldades na implantação da lei, a nossa luta deverá ser por mais estrutura
de trabalho, concursos para juiz e não devolver o problema para ser resolvido
em casa”, observou.
A representante do Conselho Nacional de Justiça, Ana Maria
Duarte Amarante Brito, identificou inconstitucionalidades no projeto de lei e
disse que a instituição está atenta às mudanças propostas. “Nosso problema
ainda é a implantação desse juizado. Ainda estamos tentando implantar a lei.
Faltam juízes e unidades operadoras”, justificou. Em sua opinião, a Maria da
Penha representa uma ação afirmativa.
Procurador da República e representante do Conselho Nacional
do Ministério Público, Jefferson Dias, também ficou contrário à alteração
prevista no projeto de lei. Ele considera inconcebível que a mulher ainda sofra
agressão. Ao final do debate, a relatora do projeto, deputada Jô Moraes
(PCdoB/MG), anunciou que vai propor a sua rejeição.
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