Principal responsável pelo rombo nas contas públicas anunciado ontem, a
Previdência Social ficará como está no restante do governo de Dilma Rousseff. Em
entrevista ao Estado, o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, afirmou que o
governo desistiu de enviar ao Congresso medidas como mudanças nas regras de
pagamento de pensão e uma alternativa ao fim do fator previdenciário, que
poderiam melhorar o resultado das contas previdenciárias. "Não há condições
políticas necessárias para se efetivar uma reforma dessa complexidade num ano
eleitoral", disse.
A mudança no regime de pensionistas, na avaliação do ministro, pode ter mais
apoio da sociedade, mas deverá enfrentar resistência no Congresso. "As pessoas
não têm ideia de que financeiramente as pensões representam muito. A viúva, se
casa novamente, usufrui; se os filhos se tornam autônomos, têm sua
independência, ela usufrui. Eu sei que teria o apoio da opinião pública, mas num
ano eleitoral não seria assimilado."
"Não é possível acabar com o fator previdenciário pura e simplesmente. Tem de
haver uma concertação e acho complicado para 2014", afirmou o ministro, usando
um termo difundido pelos petistas.
Na campanha de 2010, a presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista à
rádio CBN, que era contrária a uma ampla reforma previdenciária. Dilma defendeu,
contudo, ajustes que permitam capitalizar o sistema para assegurar as
aposentadorias. Garibaldi alega que não faltou coragem para fazer esses ajustes,
"o que houve foi falta de oportunidade".
O ministro argumenta que o governo avançou com medidas duras, como a criação
da Fundação da Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp), mas
admite que é pouco.
"O Funpresp foi uma grande conquista da Previdência, mas tem de ser encarado
para o futuro. O País está envelhecendo e temos de tomar medidas. Não podemos
mais ter um déficit como o de 2012, do funcionalismo público, na ordem de R$ 56
bilhões. Falta mais alguma coisa para se fazer, ou muita coisa."
Conforme o ex-ministro da Previdência, senador José Pimentel (PT-CE),
"somente em 2047 o Funpresp começa a ter efeito sobre as finanças públicas
brasileira". Pelo novo regime, o servidor receberá aposentadoria até o teto do
INSS, hoje em R$ 4.159 e, se quiser receber um benefício maior, terá de
contribuir para a previdência complementar.
O ministro também comentou sobre o Refis das domésticas, em discussão no
Congresso, que facilitaria pagamentos de atrasados do INSS, o que pode
contribuir para tirar o empregado doméstico da informalidade. "O governo não
desistiu disso. O que está havendo é uma certa demora. Seis meses que está
tramitando no Congresso, agora está na Câmara, mas creio que vai sair. Há uma
emenda na Câmara de um Refis total. Está com o Congresso."
Fonte: O Estado de S. Paulo
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