quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

FEAAC/SEAACs apoiam movimento contra o trabalho voluntário na Copa do Mundo no Brasil

A Federação dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio (FEAAC) do Estado de São Paulo apoia o movimento lançado pela Associação Nacional dos Torcedores e Torcedoras (ANT) contra o trabalho voluntário durante a Copa do Mundo no Brasil.
Tanto a Fifa quanto CBF e os clubes esportivos são entidades que visam o lucro, possuindo patrocínios de empresas multinacionais que ganham (e muito) com a realização da Copa do Mundo. Sem esquecer de mencionar a venda de ingressos, os direitos de imagem cujo os valores contratuais são imensos e não divulgados e os salários milionários de atletas e técnicos, bancados pelos patrocinadores e pelas emissoras de televisão.
Sendo que há muito tempo o futebol deixou de ser o esporte do povo. Tornou-se um espetáculo para aqueles poucos que possuem recurso para arcar com os valores dos ingressos de uma partida da Copa do Mundo.
Já que os clubes, a Fifa e a CBF dizem ser profissionais do esporte, deveriam pagar a todos que trabalham na realização de seus espetáculos.
Esperamos uma atitude firme do governo brasileiro e do Ministério Público do Trabalho, ultimamente tão preocupado em defender os direitos dos trabalhadores, não permitindo o trabalho escravo transvertido de trabalho voluntário.
Quando o Governo Federal e demais autorizadas anunciaram a Copa do Mundo e a Olimpíada, prometeram milhões de empregos. Qual seria este tipo de trabalho?

Apoiamos o manifesto abaixo da ANT:
NOTA DE REPÚDIO ao trabalho voluntário para a FIFA
25 janeiro 2012
A Associação Nacional dos Torcedores e Torcedoras (ANT) vem a público demonstrar sua indignação com o anúncio de que a FIFA irá recrutar ao menos 18 mil brasileiros e estrangeiros para trabalho voluntário na COPA de 2014.
Como se já não bastasse todos os abusos e ataques às conquistas históricas da sociedade brasileira, abusos esses aceitos pelo Estado brasileiro e em grande medida materializados através da chamada Lei Geral da Copa, agora a FIFA quer que o povo brasileiro trabalhe até 10 horas por dia sem que o trabalho seja pago.
O trabalho voluntário não é uma novidade no Brasil, está inclusive regulamentado. Entretanto, em seu artigo 1º ele é classificado como “a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade”. No caso da FIFA estamos tratando de uma entidade privada com faturamento anual maior que a arrecadação de muitas cidades brasileiras, e que, além disso, convive há décadas com denúncias de corrupção e de desvios de verbas. Estamos também tratando do Brasil, um país que ainda conta com milhares de pessoas em situação de extrema pobreza, uma das maiores desigualdades sociais do mundo e que sediará grandes eventos esportivos nos próximos anos sem que nada seja revertido em melhoria da vida de seu povo.
O que vemos são milhares de pessoas perdendo suas casas para obras ligas à COPA, estudantes e idosos em vias de perder a conquista da meia-entrada, trabalhadores da construção sendo fichados pela polícia supostamente para sejam evitados ataques terroristas durante o evento e moradores da região dos estádios que viverão um verdadeiro estado de sítio antes, durante e depois do mundial.
No caso do trabalho voluntário, a FIFA se aproveita da paixão pelo esporte, criando a expectativa de proximidade com jogadores e possibilidade de assistir aos jogos (o que sabemos que em 90% dos casos não acontece) para aumentar seu lucro sem remunerar o trabalho.
É a partir das questões elencadas nesta nota que a ANT e seus associados mais uma vez afirmam que este não é o modelo de COPA que queremos, o modelo FIFA de promover eventos ligados ao futebol culmina com apenas uma das partes envolvidas beneficiada, ou seja, a entidade organizadora e seus parceiros. Diante dos fatos a ANT aproveita para criar a campanha “NÃO SEJA UM VOLUNTÁRIO FIFA: porque trabalhar para entidades que lucram bilhões em troca de uniforme e lanche é trabalho escravo”.
ANT - Janeiro de 2012 
Lourival Figueiredo Melo
Presidente da FEAAC

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